O
Ponto MIS de Ilha Solteira virá com uma programação especial no
mês de novembro. O programa exibe, gratuitamente, o documentário
“Não Estávamos Ali Para Fazer Amigos”, sobre o cenário
cultural brasileiro nos anos 1980. Serão três sessões, que
acontecem de 24 a 26 de novembro, a partir das 20h, no Cine Paiaguás.
A classificação é 14 anos e a entrada é gratuita.
“Não
Estávamos Ali Para Fazer Amigos” mostra os anos finais da ditadura
militar brasileira (1964-85) mesclada à explosão da cultura urbana
manifestada por um inovador conceito de jornalismo cultural impresso
nas páginas do caderno Ilustrada entre os anos de 1981 e 86. Do
último ditador, João Figueiredo, passando pela movimentação das
Diretas-Já, eleição de Tancredo Neves, sua morte e a posse de José
Sarney – e, entre seus primeiros atos, a censura à exibição de
Je vous salue, Marie, de JeanLuc Godard. Período em que brotam de
garagens, de bairros perdidos das cidades, de pequenos ateliês,
grupos de rock, como Titãs e Ira!, artistas renovadores como Arrigo
Barnabé e Itamar Assumpção, poetas como Geraldo Carneiro e Antonio
Cícero, artistas visuais como Tunga, grupos teatrais como Asdrúbal
Trouxe o Trombone. Estes e outros mais – todos sedentos, para
avançar na história, com uma temática explosiva, de enfrentamento
à política tradicional. Artistas antenados com uma visão
internacionalista da arte.
Dirigido
por Miguel de Almeida e Luiz R. Cabral, o filme reúne imagens do
período –posse de Figueiredo, Lula no estádio em São Bernardo,
Diretas Já!, morte de Tancredo, rock, Sarney, censura a filme de
Godard– e depoimentos de jornalistas da Folha e protagonistas das
mudanças culturais vividas então no Brasil. Almeida escolheu como
tema os anos 1980 –"uma época ainda mal contada no cinema
brasileiro"– pela efervescência de cultura urbana, e queria
falar de algo que tivesse vivido. Ele trabalhou na "Ilustrada",
caderno cultural da Folha de S. Paulo, de 1980 a 1987. "Minha
geração não era comprometida com partido, queria saber coisas da
arte internacional. Fomos atrás e conquistamos espaço. Nada foi de
graça, éramos policiados pela direita e pela esquerda",
explica Almeida.
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