"A Guerra de Ashley", de Gayle Tzemach Lemmon


Anos antes de o Pentágono autorizar a presença feminina na frente de combate das Forças Armadas dos Estados Unidos, uma equipe de mulheres se juntou ao grupo de Operações Especiais no Afeganistão, fazendo um delicado trabalho de campo: conversar com as cidadãs locais, a fim de obter o máximo de informações sobre os combatentes inimigos. Em A Guerra de Ashley, Gayle Tzemach Lemmon conta a história da CST-2, unidade formada por essas pioneiras, e da heroína da tropa, a segunda-tenente Ashley White.

Em 2010, o Comando de Operações Especiais do Exército dos Estados Unidos criou as Equipes de Apoio Cultural (CST, na sigla em inglês), que faziam parte de um programa-piloto cuja proposta era levar, secretamente, mulheres militares ao campo de batalha no Afeganistão. Ao lado de Rangers do Exército, Green Berets, Seals da Marinha e outras equipes de elite, elas teriam uma importante missão: construir relações interpessoais em um país islâmico extremamente conservador, de uma forma que os homens jamais conseguiriam. Caberia ao time feminino, além de revistar as afegãs em busca de bombas e armas, fazer um trabalho de inteligência, entrevistando avós, mães, irmãs, filhas, tias, sobrinhas e esposas que viviam nas zonas de conflito. 

Quando a comandante da segunda-tenente Ashley White lhe entregou o folheto com a convocação da CST, a jovem que servia na Guarda Nacional em Goldsboro, na Carolina do Norte, soube imediatamente que o programa era para ela. Apesar de estar morando com o noivo, o tenente do Exército Jason Stumpf, e fazer parte de um núcleo familiar amoroso e unido, formado por seus pais, um irmão mais velho e uma irmã gêmea, Ashley achava que algo lhe faltava. Ela se sentia culpada por usar o uniforme sem ter servido em uma das guerras travadas pelos Estados Unidos e sonhava com a experiência no campo de batalha.

Assim como Ashley, outras militares de várias partes dos Estados Unidos atenderam ao chamado e se inscreveram no processo de avaliação e seleção da CST, apelidado de “cem horas de inferno”. Com duração de seis dias, o programa, elaborado para manter a desestabilização das candidatas o tempo todo, levava em conta pontos como inteligência, resistência e organização. Ainda assim, as bolhas nos pés, as dores musculares, o estresse e a exaustão causados pelo treinamento, tanto no período de teste quanto nas etapas posteriores à aprovação, não foram suficientes para eliminar a ansiedade, a insegurança e a tensão de estar na linha de frente ao lado dos Rangers. Também não prepararam para enfrentar o pior cenário em uma guerra: a morte de alguém que lutava a seu lado.

A partir de entrevistas com mulheres soldados que pertenceram ao CST-2, bem como familiares delas e alguns líderes militares experientes, Gayle Tzemach Lemmon conta as histórias de guerra dessas pioneiras, que não hesitaram ao saber da convocação para servir com as Forças de Operações Especiais e se apresentaram para lutar ao lado dos melhores. Por questões de segurança, a autora trocou vários nomes e omitiu alguns detalhes. Ao todo, foram 20 meses de viagens pelos Estados Unidos, centenas de horas de conversa e análise de pesquisas primárias e documentos, formando um retrato sensível e emocionante das voluntárias que marcaram época ao se alistar para lutar por seus ideais e seu país.

Sobre a autora

Gayle Tzemach Lemmon é Senior Fellow do Conselho de Relações Exteriores (CFR, na sigla em inglês) e colaboradora do site Defense One, da Atlantic, escrevendo sobre assuntos de segurança nacional e política externa dos Estados Unidos.

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