Enrolar os meus sonhos e poemas.
Faca afiada contra o sistema,
Que muito mais cruel se avizinha.
Não quero sair morto desse rinha,
Por isso desfraldo o estandarte.
Vou cantar e versar em outra parte,
Noutro Reino, noutra localidade,
Aflorar minhas dores, minhas penas.
Guardar os meus escritos no mistério,
Que nem a força bruta arrebenta.
Pode ser que até me arrependa
De estar aliado à covardia.
Não convém mais viver de poesia,
Pois eu sinto o odor da ameaça.
Exalando terror por onde passa.
A mão forte, a tortura e a mordaça,
Prefiro a ave de prata à morte lenta.
Pensando bem eu mudo o meu tino,
Meus poemas serão desenrolados.
Estribilhos contra o descalabro,
Tirania cantada qual um hino.
Novamente em versos qual um sino,
Desatando a névoa da tristeza.
Disseminando arte com certeza,
Dissipar o véu cinza em beleza,
Nilo Carvalho (texto do Sarau dos Amigos de 26/04/2019) |
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