Sábado,
Tenho saudade dos orelhões
As fichas presas que ninguém devolve,
A tal chamada que não recebi.
No chão gramado todas quedas, curvas
Meus pais na sala, alegrias turvas
E a torre da Telesp agulhando o céu.
Tenho saudade dos orelhões
As fichas presas que ninguém devolve,
A tal chamada que não recebi.
No chão gramado todas quedas, curvas
Meus pais na sala, alegrias turvas
E a torre da Telesp agulhando o céu.
Sábado,
Tenho saudades das ocasiões
Hoje se ama, mas ninguém se envolve,
O tal chamado já não nos alcança.
Na mão a lista, vida-caderneta
Números telefonando pra sarjeta
E a torre me empresta a sensação de véu.
Sábado.
Chama, chama,
No coração
Só dá ocupado.
É alarmante o toque,
Cristalina bomba
Vem a menina em desgoverno e tromba
Nessa mulher que borda seus vazios
Tange tecidos, se enrola nos brios
Derruba a sombra do ontem no agora
Alguém me liga e uma voz demora
No
meio fio do meu pensamento
Um choro frio no diluimento
Me
molha a lágrima do não mais ser
Aplicativo
do não mais rever
No
celular não cabe essa memória.
Caem-me
as fichas
Cai a
ligação e o mundo,
Relações
ficam na linha
Do
lado de lá, afetiva trama
O
passado emblemado de acácia
Os
pardais, as cidreiras, a audácia
Dessas
vielas de lajota e azul
Do
lado de cá, chama, chama, chama:
Desligo
o drama
Eu,
eles, nós
Laços,
ruídos de glória,
No
orelhão
Tu,
tu, tu.
Há um
silêncio na Brasil Sul
O
amor de antes mandou uma mensagem
E
nela o print de uma paisagem
Onde
o que fomos é só uma história.
Karina Limsi (texto do Sarau dos Amigos de 26/04/2019) |
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