Quero falar
Quero falar das lágrimas que transformam em pérolas
Das lutas cruéis da libertação
Do silêncio posto que se reconstrói
Das palavras firmes que dá direção
Da invasão da luz em nosso esconderijo
Da pancada dura que faz renascer
Da nossa nudez frente o olhar alheio
Do excesso de zelo que impede crescer
Dos nossos segredos quando vem à tona
Das palavras simples que abrem a visão
Da percepção de portas abertas
Do olhar perdido na imensidão
Da pergunta boba que traz a resposta
Da verdade nua que nos esclarece
Das palavras ocas faladas ao vento
Do nó na garganta que nos emudece
Do grito abafado que ninguém escuta
Das brigas eternas sem explicação
Da incapacidade de viver a vida
Do sono perdido pela solidão
Da voz que não cala na boca sedenta
Do choro escondido que não causa pranto
Do rosto marcado pela ação do tempo
Das mortes em série que não causam espanto
Da falta de força pra enfrentar a luta
De toda inércia sem partir para a ação
Da justificativa de culpar os outros
Das escolhas erradas sem reflexão
Das perdas forçadas pela ignorância
Da incompetência de dizer um “Não”
Da carga pesada no lombo ferido
Dos tombos da vida na procura em vão
Da dor que sufoca, dos amores perdidos
Das cobranças tantas que levam a exaustão
Do tempo perdido cultivando espinhos
Da cova cavada com as próprias mãos
Dalva Barbosa (texto do Sarau dos Amigos de 26/04/2019) |
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