Por Sandra Irabi Mahmoud
O ano de 2020 foi atípico, começou normal e de repente nos deparamos com um vírus novo, ninguém conhecia e nem sabia como afetaria o nosso organismo. De um simples resfriado passou a um ataque sistêmico e agressivo, altamente mortal. E tudo foi vindo, parecia que não seríamos atingidos, pois, o Brasil é um país tão distante que não chegaria aqui. Doce ilusão, chegou, tão violento que levou as pessoas e todos os setores da vida social e profissional a rever seus hábitos de ir e vir.
Na biblioteca não foi diferente, trouxe profundas transformações sócios culturais. Antes, com atendimentos presenciais, eventos culturais, tudo foi interrompido, tornou se urgente implementar adaptações nos serviços prestados.
O silêncio sempre tão presente e alardeado entre os usuários presentes, para que um não incomodasse o outro, atualmente o silêncio é frequente entre as prateleiras de livros, mesas e corredores, um sinal da crescente necessidade de se manter o isolamento social e buscar novas formas de encontros com os frequentadores da biblioteca.
Diante de tão devastadora realidade, todos precisaram rever seus hábitos, voltar para si mesmos, seus familiares. Medidas de prevenção foram adotadas por governantes na tentativa de frear a disseminação do novo coranavírus (COViD 19). O presente virou um pesadelo, o futuro uma incerteza, gerou muita ansiedade, insegurança, estresses, tristeza entre tantos outros sentimentos, nos levou a pensar em como enfrentar algo tão inesperado e ruim. Penso que uma boa ferramenta é a leitura, que pode amenizar o caos que se abateu sobre todos nós.
Então, os profissionais das bibliotecas, como disseminadores e facilitadores do acesso a informação, sentiram a necessidade de continuar a incentivar a leitura como forma de enfrentar tal situação.
Uma das várias facetas da biblioteconomia é atuar nesse momento com a biblioterapia, uma terapia baseada em leitura que tem a possibilidade de suavizar a situação vivida pela pessoa. A ficção leva ao leitor a não se sentir só, compartilha problemas, pensamentos e emoções com os próprios personagens. Consegue enxergar a vida por outras perspectivas, levando a capacidade de reflexão e serenidade. A leitura se torna um instrumento de enfrentamento e superação da atual situação, uma maneira de unir as pessoas e promover os encontros em momentos de solidão, de distanciamento social.
Vimos várias iniciativas das bibliotecas pelo país afora, para suprir a falta do atendimento presencial, agendamentos prévios com escolhas dos livros e horário para retirar o livro, entregas delivery, disponibilização de livros digitais, entre tantas outras formas de fornecer e incentivar à leitura para o usuário em sua casa, uma maneira de contribuir para que as pessoas tenham lazer, informações e conhecimento ficando em casa, atitude tão necessária nesse momento.
A leitura nos mostra que podemos explorar o mundo sem sair de casa, conhecer lugares, costumes, pessoas e conhecimento diversos. Ela tem o poder de nos levar a reflexão sim, ser um suporte para o autoconhecimento, contribuir para a construção da nossa própria identidade, ajudar a viver melhor esse momento de isolamento e distanciamento social.
Ler traz informação, lazer, autoajuda e conhecimento, mantém a saúde mental e felicidade, mesmo em tempo de pandemia. A leitura é um aliado para o enfrentamento de desafios que se apresentam nesse momento. Ajuda a perceber que não estamos sós nas adversidades.
Leitura é sinônimo de liberdade, faz bem à saúde em geral, ajuda a lidar com o que estamos vivendo (a pandemia), de forma positiva, nos trazendo esperança por dias melhores. Portanto, mais do que nunca, é preciso ler, espalhar a semente da leitura para que ela germine dentro de cada um e possa trazer luz, porque a leitura é sinônimo de luz, de ampliar a visão para outros horizontes, além do horror que estamos vivendo hoje.
Mais do que nunca, é preciso espalhar livros, textos, informações, seja livro físico, digital, virtual, uma forma de nos aproximar, de estar juntos, nos apoiando em momentos tão difíceis como o que estamos vivendo. Tudo passa, vai passar, e quando passar estaremos aqui, na biblioteca, de portas e coração abertos para receber as pessoas com mais livros, leituras, cultura, artes e conhecimento, tudo com muito carinho. “Ler é viver, é preciso ler”.
Sandra Irabi Mahmoud é bibliotecária, responsável pela Biblioteca Municipal Assis Chateaubriand, de Ilha Solteira
1 Comentários
Adorei. Realmente a leitura é liberdade....parabéns.
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