Por André Santana
Era uma vez um menino que não era maluquinho. Ele não tinha o olho maior que a barriga. Não tinha fogo no rabo. Nem vento nos pés. Muito menos pernas enormes, que davam para abraçar o mundo. Mas ele tinha macaquinhos no sótão, sabe-se lá o que isso significava. Mas tinha!
Apesar de não ser maluquinho como aquele outro menino, este nosso menino, com seus macaquinhos no sótão, descobriu cedo o poder da imaginação. Ainda antes de aprender a ler, folheava gibis que ganhava dos pais e buscava entender a história pelas figuras. Ao aprender a ler, passou a devorar gibis. Aqui temos um menino que não era maluquinho, mas que foi alfabetizado pelo Mauricio de Sousa!
Dos gibis, passou aos livros! O primeiro e mais importante deles, claro, foi O Menino Maluquinho, de Ziraldo! A singela aventura do menino com fogo no rabo, cujo riso, canto e som nunca estavam onde estava, arrebatou um coração leitor. Que não desenhava Pedro Álvares Cabral de ‘tôca’ no caderno, mas que via naquele menino um magnético poder de identificação.
Não, ele não chegava em casa depois de sua pasta e cadernos. Ao contrário, era insuportavelmente organizado. Também não levava bombas no boletim, sempre com boas notas.
Mesmo assim, ele também queria inventar o sol em dias de chuva. E adorava inventar o riso onde tinha sombra, pois, assim como o menino do livro, este menino era, sim, cheio de graça. Mas não inventou o abraço, como o outro menino, embora vontade não lhe faltasse.
Este nosso menino também colocou uma panela na cabeça e um paletó, imitando a versão do outro menino de Napoleão Bonaparte. E também tinha o tempo como amigo, já que dava tempo para tudo! Assim como o ponteiro do outro menino, este menino também tinha um ponteirão!
E este tempo era preenchido pelo lindo mundo das letras! Novos gibis de Mauricio de Sousa, novos livros de Ziraldo! O pai do menino o levava à Biblioteca Pública, onde ele descobriu coleções e coleções de literatura infantil! Do Ziraldo, claro! Os Dez Amigos, Rolim, O Joelho Juvenal... nossa, foram muitos!
A tia do menino descobriu uma coleção de livros com poesias sobre... tias! Tantas Tias, Tia Nota 10, Tia Te Amo... um presente ou uma declaração de amor? Os dois, creio! Vovó Delícia, outra delícia de livro, também foi um presente desta mesma tia. Ah, tinha também Uma Professora Muito Maluquinha, este presente da mãe do menino, que, veja você, trabalhou numa das feiras de livros mais encantadoras que este menino já viu!
Não sei dizer se este menino cresceu e virou um cara muito legal, como o menino do livro. Mas sei dizer que este menino cresceu um amante da leitura, da literatura, da escrita... Ouvi dizer que ele até se arrisca a escrever também. Um menino que não era maluquinho, mas que tinha dentro de si alguma audácia, talvez. Ou não. Vai entender este menino...
Fato é que os macaquinhos no sótão foram alimentados por bons livros ao longo dos últimos anos. E são estes macaquinhos que fazem deste menino (que não é mais um menino, embora ainda se sinta um) um menino feliz!
Abaixo, imagens exclusivas do menino ao “lado” do ídolo Ziraldo:
André Santana é jornalista e escritor. Formado em Comunicação Social, pós-graduado em Marketing e Gestão Cultural, atualmente cursando graduação em Letras. Escreve sobre cultura para sites e presta assessoria de comunicação para projetos culturais. É autor do livro "Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos" e organizador da antologia "Ilhados".
9 Comentários
Que lindeza de menino! Que orgulho de ser amiga e conviver com esse menino.❤
ResponderExcluirMuito inspirador, parabéns André...
ResponderExcluirEita! Macaquinhos nos mordam! Que lindo texto! Fez-me voltar no tempo e acredita que despertou uns velhos macaquinhos do meu sótão! Um grande abraço! Você é dez!
ResponderExcluirAndré, que delícia!!! Parabéns! Eu tenho vários "macaquinhos no sótão"! 😍🤩
ResponderExcluirQue lindo...parabéns ...menino admirável. Maria Ivanilda.
ResponderExcluirQue lindo André! Quero sempre ter esse menino perto de mim.
ResponderExcluirQue lindo André! Quero sempre ter esse menino perto de mim.
ResponderExcluirParabéns André,que vc jamais perca esse menino inspirador que há em você e em tantos meninos que ainda não se conhecem por inteiro .
ResponderExcluirParabéns André! Que texto gostoso de ler, voltei no tempo...na minha infância nunca tive coleção de gibis, nem acesso a bibliotecas, mas me agarrei aos poucos que cruzaram meu caminho...
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