Por Euler Meneghin
Quando eu morrer, que seja de amor, E não por sua ausência, Que a morte me traga o conforto e pureza num abraço que a vida nunca me deu, Que os meus sorrisos me transbordem, mas que a lucidez não me falte, Que meus desejos nunca me façam ultrapassar o meu bom senso e que as frases ditas não soem como falsas promessas, Que eu não carregue toda desilusão e que meu coração volte a ser inteiro, E que eu não seja apenas mais um iludido buscando ser amado em um mundo de desamor, Que minhas juras não sejam sopradas aos quatros ventos onde ninguém ira escutar, Longe de tuas mãos, ouvidos e pensamentos. Leve esse amor contigo se puder carregá-lo, mas se não puder, deixe-me saber, Sua indiferença pesa no meu peito feito âncora afundada. Toda vez que me aproximo, penso que tens medo deste amor, Sei que alguém já te fez sofrer, mas eu só quero cuidá-lo e embalá-lo numa entorpecente dança contemporânea, onde nossos passos se perdem no ritmo, mas nunca deixam de se tocar. Seus pensamentos são mistérios para mim, caricatos, me enchem de dúvidas e me anseiam em findar esse amor. Como se é possível findar o que nem se encetou, Tudo bem, não existe incógnita que não se resolva com o tempo, gire, gire a ampulheta, Eu posso te deixar livre, livre de mim, livre de minhas ilusões, livre do meu amor, livre do meu gozo em chamas. Basta que me diga que não tens por mim dentro do teu peito, O mesmo desejo que tenho por ti, negue o que é verdade, engane a ti mesmo e não a mim. Eu gostaria de poder recomeçar e deixar você me conhecer de verdade, Absoluto, Nu e cru, feito carne e pelo, despido desta interface linear e retumbante que vesti para agradar-te de mim, Sem essa minha face de menino bobo apaixonado, carente e apegado, As vezes reconheço aonde foi que errei, errei em me entregar demais aos teus consolos, Deixar-te saber de minhas loucuras e perturbações, contar-lhe meus sonhos e pesadelos. Eu nunca fui de levar a vida, sempre preferi que ela me levasse, ideologia ímpar, que o mestre Cazuza me ensinou em teus versos; Mas veja bem agora, quem está levando sozinho este amor, E eu poderia jurar que no final das contas seríamos sempre nós dois, Mas a vida sempre nos reserva planos inusitados, e só nos resta segui-los, Sou muito grato a ti, a nós, obrigado por termos tentado. Mas fique calmo, não precisa levar tudo isso a sério, Vá levando... como sempre fez com meu amor, Não precisamos fazer disso um drama de Almodóvar, não complicaremos, siga em frente e não olhe para trás, Deixe que a vida coloque as coisas no lugar e que este conto caia no anonimato, não iremos mais lutar, Confesso que pra mim, já demorou para terminar. E nessa estrada da vida vou seguir a bailar sozinho, como o bobo, louco e tolo que se permitiu apaixonar.
Euler Meneghin é estudante de Ciências Biológicas na Unesp de Ilha Solteira. Apaixonado por Cazuza, de onde tira suas maiores inspirações para escrever.
4 Comentários
Parabéns, lindo texto.
ResponderExcluirMaria Ivanilda.
ResponderExcluirPercebi sentimento nas palavras, muito bonito👏👏
ResponderExcluirQue lindeza de texto! Quanto sentimentos em ação. Gostei muito. Parabéns Euler.❤
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