Pagu |
Por Flávia Moura
Em quaisquer espaços que ocupe, o processo de socialização entre indivíduos influenciará diretamente as vivências, experiências, as identidades, os gostos, a cultura..
Não há como negar as raízes que formam o país que é o Brasil, marcado pela miscigenação e com uma cultura tão diversa quanto a própria natureza, a fauna e a flora. Não por coincidências, nossa cultura tem em sua base identidades formadas a partir do contato com o outro: o colonizador e o colonizado, o explorador e o explorado, o escravista e o escravizado. Portugueses, povos indígenas, povos africanos além dos povos imigrantes que vieram depois (alemães, japoneses, italianos, holandeses).
Não se pode negar a História do Brasil, ela faz parte do nosso imaginário social coletivo e muitas vezes – na maioria delas – é contada a partir da perspectiva eurocêntrica, aquela que justifica as invasões e formações de colônias de exploração em prol do desenvolvimento industrial da Europa.
A Semana de Arte Moderna de São Paulo foi um evento marcado pela força e coragem daqueles que se dispuseram ir contra a maré de padrões que ainda se faz presente na nossa vida.
Cem anos depois e se mantém sendo de grande importância abraçar causas pelas quais lutar e gritar que (r)existe a diversidade. Ainda é essencial o expressar de ideias que nos mostram infinitas possibilidades fazendo-nos sair de caixinhas e bolhas ilusórias. É fundamental e muito importante ideias que nos libertem e promovam liberdade à diversidade visto que, vivemos numa sociedade tradicionalista que orienta as condutas estabelecendo padrões a serem seguidos.
Observamos o segmento desta luta que vem se mantendo e se propagando com desejo de transformar e revolucionar espaços através da arte. A arte é essa linguagem fina e subjetiva capaz de metamorfosear realidades.
A partir da arte é possível trazer representatividade, dar voz e luz a toda e qualquer diversidade. Podemos usar da arte para lançar críticas de cunho social, político, religioso e jurídico e até mesmo podemos criticar o modo de produção vigente, que influencia diretamente a produção das ideias e reforça valores e estereótipos.
Vivenciar a arte através das ideias é assumir que todo medo mora na ilusão, que vivemos condicionados a seguir padrões que nos levam ao apego e ao ego.
Viver é bem mais que sobreviver, as condições da existência perpassam rios que não estamos habituados a atravessar em harmonia e expansão com o que há dentro de nós. A vida é feita de resistência e eu resisto me mantendo viva através dos sonhos, das ideias, da afetividade, dos desejos, da arte. Aqueles que acreditam, que assumem suas paixões e angústias e buscam seus sonhos com coragem, não envelhecem nunca.
A indômita Pagu, Patrícia Galvão, já dizia: “sonhe, tenha até pesadelos se necessário, mas sonhe”. Assim como ela, que possamos nos entregar de corpo e alma e sonhar um mundo que abre caminhos e nos move motivando-nos a buscar realidades melhores.
Flávia Moura
4 Comentários
Parabéns, texto brilhante.
ResponderExcluirMuito boa reflexão! Parabéns!
ResponderExcluirTexto fascinante, sua escrita é uma arte e ela também é muito capaz de metamorfosear realidades!!
ResponderExcluirParabéns pelo texto, fico muito bom!!!
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